Sonho em Setúbal - Taberna Grande
Admito que ando há uns tempos para escrever sobre este sonho.
Talvez porque não queira acordar dele ou, porque de facto é uma memória que quero guardar tão bem, que vou fingir para mim mesma que ainda não aconteceu. É só um sonho.
Já vamos em 2 meses de encarceramento no local mais seguro das nossas vidas: a nossa casa. Este sonho, esta memória, tem sido uma bóia de salvação para relembrar que houve dias muito bons e que vão voltar.
Este foi último jantar que fui antes de a nossa vida virar de pernas para o ar.
É uma memória tão boa, mas tão tão boa, que dói relembrar.
Ainda ponderei só vos contar quando tudo isto tivesse acabado, mas decidi não o fazer por dois motivos:
1) Estamos quase lá e já podem começar a pensar em fazer disto um plano (em breve).
2) A Taberna Grande tem take-away e delivery (se viverem perto, estão com sorte!)
Começando o que já devia ter começado:
Fui conhecer a Taberna Grande num jantar de grupo bastante animado, desconhecia de todo o espaço e tenho de ser franca: sempre que vou a Setúbal, é choco-frito com elas! A Taberna Grande já existia, mas foi renovada e tem nova gerência.
O espaço fica perto da Marina, mas longe da confusão do centro por isso conseguimos estacionar o carro mesmo à porta. Avistamos logo uma esplanada de madeira bem gostosa, a pedir aquelas noites de verão pós-praia, era ali mesmo. Entrámos e o espaço é: UAU! A decoração é linda, rústica mas com aqueles apontamentos de quem teve atenção ao mínimo detalhe. Por um lado, fez-me lembrar uma cave de vinhos, mas com um toque ainda mais refinado e convidativo para umas boas jantaradas e noitadas.
É daqueles espaços que entramos para jantar mas acabamos às 4 da manhã a jogar às cartas para terminar só mais uma garrafinha de vinho (não me matem por isto, claro que só com a comparência e aprovação do staff na mesa da cartada).
A nossa mesa estava preparada, mas enquanto esperamos que todos chegassem, bebemos uns aperitivos e pude experimentar Gin de Setúbal (Real Gin) que foi uma surpresa muito agradável.
As entradas estavam cuidadas e bem ao gosto do meu palato: pão de várias qualidades, queijos regionais maravilhosos, enchidos e peixinhos-da-horta acompanhados com molho tártaro divinal (julgo que ficava a noite toda neles)!
Isto tudo bem regado com um ótimo vinho tinto, estava pronta para não sair mais dali.
Experimentamos também alguns dos petiscos que são servidos na casa: lulas recheadas, cachupa e bochechas de porco com vinho tinto. A cachupa foi sem dúvida a minha preferida, apesar de ter ficado bastante perplexa por ter-me atirado às lulas como nunca (quando normalmente nem lhes toco!)
Como prato principal principal (e não, não foi erro, digo-o duas vezes porque eu julgava que o menú tinha terminado nos petiscos) pudemos lambuzar-nos com grandes tábuas de carne (dose muito generosa) cozinhadas na perfeição, acompanhadas com ananás grelhado e umas batatas gratinadas do demónio (note-se que quando uso a expressão "do demónio" é porque eram mesmo muito boas).
Para finalizar, já sem muito espaço para tal, escolhi um pudim de palitos lá reine e ainda pude dar umas colheradas nas sobremesas alheias sem ofender ninguém.
Como consigo resumir isto? A Taberna Grande é daqueles espaços que vamos querer voltar muitas vezes, não só porque a comida é óptima mas, porque o ambiente e staff nos fazem querer voltar. Todos os pratos têm qualidade, não há um que não se note logo o detalhe com que foi criado.
E o mais engraçado é que apesar de ser um pouco longe de Lisboa, sei que lá vou voltar muitas vezes. Não sei bem quando, neste momento.
Mas se há plano que eu já gostava e agora sonho com ele todos os dias, é ir passar um dia inteiro nas praias da Arrábida e acabar com um final de dia na esplanada da Taberna: beber aquela cervejinha fresquinha com peixinhos-da-horta e cachupa.