Pasta-expert ***
Master na arrumação da caixa de sushi ***
Doutoramento na cozinha do desenrrascanço ***
Veggie Friendly ***
Viciada em comer-fora e arruinar carteiras
Fomos descobrir o Nepal ali ao Conde Redondo, e o mais estranho é que morei vários anos ali ao lado e, apesar de este espaço ter estado sempre por lá, eu nunca tinha entrado... Assim fui matar as saudades da zona e conhecer este recatado restaurante em pleno coração da cidade. O restaurante fica mesmo na rua do Conde Redondo, na descida quase a chegar à Universidade Autónoma.
Ao entrar, sentimos logo o ambiente Nepalês com aquela decoração clássica do país: fotografias de várias cidades, especiarias, arte Hindu... Um espaço acolhedor e despretensioso.
A nossa mesa estava reservada, e aconselho-vos a fazer o mesmo pois o espaço não é o maior e estava composto. Nos dias quentes, há sempre a opção de ir para a esplanada, mas não era o caso. Vimos várias pessoas a chegar sem sorte de ter mesa e fomos num dia supostamente calmo, durante a semana. Fomos recebidos e encaminhados à nossa mesa com a maior simpatia, pedimos ajuda para escolher os pratos (claro, a opinião de quem sabe é sempre a melhor! Mas nós já tínhamos alguns favoritos em mente).
Primeiro, como manda a lei, vieram as entradas da casa e não podia faltar o Pão Naan recheado com queijo (confesso que às vezes tenho desejos disto, podia ser a minha refeição completa). Este é mais fofinho e massudo do que a maioria dos que já provei, o queijo derretido por dentro faz toda a diferença. Muito bom!
O Papari (aquela coisa crocante na foto seguinte) não é a minha praia, mas usei-o para comer o prato principal e combinou muito bem.
Chamem-me exagerada, mas queijo nunca é demais. Tinha mesmo de provar o Paneer Pakora, que são pedaços de queijo fresco envolvidos em farinha de grão... Fritos (inserir smile com mãos na cara a esconder a vergonha). Mas é tãoooooo bom!
Como principais, pedimos Korma de camarão e Tikka Masala de frango. Como adoro Korma, tenho termo de comparação com muitos outros restaurantes e posso dizer que este estava mesmo muito bom: bem servido de camarões e com um molho muito suave. O Tikka Masala do meu esposo (sim, adoro dizer esposo) estava muito saboroso, porém, não consigo dar grande feedback tendo em conta que ele espeta metade do frasco de picante lá para dentro. Contudo, ele adorou. Adoro o facto de servirem os pratos principais nestes potes (na foto seguinte, e se quiserem espreitar os meus stories no Instagram está lá um vídeo também nos destaques "Lisboa") que não só são giríssimos como também mantém o conteúdo sempre quentinho. Maravilha! Pedimos arroz basmati a acompanhar, porque prefiro não misturar mais sabores, mas há muitas opções de arroz!
Como podem calcular, depois de tanta entrada e estes pratos bem compostos, só havia espaço para este xiripiti...
O staff foi extremamente atencioso, adorámos conhecer o espaço e a comida.
Ficámos com muita vontade de voltar para pedir o prato da mesa do lado (eu sei, vou para o inferno por andar a desejar as coisas do vizinho do lado) que consistia num pedido especial onde vêm vários pratinhos com um bocadinho de cada coisa. Infelizmente não estava no menu, mas pelos vistos pode pedir-se!
Nota importante: este restaurante tem 20% de desconto em Zomato Pro, por isso aproveitem!
Bem malta, quem anda atento aos meus Insta Stories, sabe muito bem que falo a verdade quando assumo que consumimos demasiada comida mexicana, para duas pessoas normais.
Mas, como de normais temos pouco, claro que ficámos como duas crianças histéricas no dia de Natal quando fomos experimentar o Mex Factory pela primeira vez.
Como nota introdutória, posso dizer que sempre adorei ir ao LX Factory para "programinhas" de sair à noite. Já tenho muitas saudades de ir a um jantar com amigos, depois beber um copo num dos bares e quem sabe - já bastante fora de mim - entrar no Bosq (leia-se: BEM fora de mim e da lei de Deus, que eu já não tenho idade para essas coisas). Voltar ali, àquele espaço enorme onde fui tão feliz e onde podemos ter uma noite completa sem sair do mesmo sítio... o LX tem um ambiente incrível e difícil de descrever: onde o antigo conhece o novo, onde as paredes são obras de arte e as pessoas que lá passam, de todo o mundo.
Desta vez, fomos só para jantar, sem copos, sem noitadas... mas soube bem voltar. O Mex Factory está totalmente integrado neste conceito do LX Factory, meio fora da caixa, mas com muito estilo.
Quando entrámos no restaurante, a primeira coisa que saltou à vista foi o ringue de boxe. Tivemos aquele "wtf?" inicial, que passou bem rápido mal nos começámos a lembrar "ahhh yaaaaaaa lucha libre mexicana!". As paredes estão forradas com as máscaras clássicas destes lutadores tradicionais do México e toda a decoração fez sentido (na minha cabeça lenta)!
Decidimos reservar para uma quinta-feira porque gostamos de aproveitar as noites mais calmas dos restaurantes e, por incrível que pareça (para esta altura de pandemia e confinamento), estava bastante composto e super animado. Mas calma, digo isto como sendo um ambiente agradável e que nos trouxe segurança! O espaço é enorme, todas as mesas têm uma grande distância umas das outras e o local está sempre bem ventilado, não fossem a maioria dos espaços no LX Factory aqueles antigos armazéns gigantes, com as portas sempre escancaradas.
Já na mesa, trouxeram-nos o QR code num cartão para podermos começar o primeiro round: escolher o que provar. Esta é a fase mais difícil, onde vamos avaliar os nossos concorrentes só pelo nome e decidir restringir a escolha a alguns pratos, quando queremos mesmo provar todos (suas bestas, eu sei). Mas decidimos seguir a opinião de quem melhor sabe (do staff) para nos ajudar nesta escolha, para entradas: Tostada de Salmon e Quesadilla (para além do Pico de Gallo e Guacamole com Totopos que já estávamos a provar como... vá, pré-entrada!).
Vale meeeeeeesmo a pena pedir o Guacamole! É tão fresco, tão bem feito... Vale, vale!
Esta tostada consiste numa tortilha crocante com um ceviche de salmão delicioso por cima. Para quem gosta de ceviches como eu: "até lambe as patinhas"! A mistura de romã, milho, lima e "sabe Deus mais o quê" com o salmão embebido em lima... Nossa! Estava muito bem equilibrado de sabor.
As quesadillas, meus amigos, ganharam este combate mano-a-mano com o ceviche. Acharam que tinha adorado o anterior? Então "agora pensem"... Foi, sem dúvida alguma, das melhores quesadillas que comi na minha "vidinha cheia de comida mexicana no bucho"!
Vou-vos explicar porquê: a quesadilla estava recheada de cheddar (primeiro check - LM loves Cheddar), tinha carnitas al Pastor lá pelo meio (segundo check - bem recheada) e por último um estranho check... tinha duas coisas que eu habitualmente detesto: molho BBQ e ananás. Mas a combinação foi absolutamente perfeita! Ao ponto de eu amar algo que normalmente detesto. Incrível!
Passando para o próximo e último combate da noite na categoria de pesos pesados: Tacos contra Tacos. Estes são servidos em três unidades, mais uma vez por sugestão, fomos para os de Camarón e Bistek.
Os primeiros que atacámos foram os de camarão, não se assustem com o sinal de duas caveiras na intensidade do picante, porque tolera-se muito bem (para quem como eu, até gosta de picante muito moderado). As doses são muito generosas e os camarões bem gordinhos, o sabor da maionese de chili, com pepino, salsa, cebola e pimentos estava incrível.
Os Tacos de Bistek são compostos por pedaços de carne de novilho marinada, deitados numa camada de puré de feijão e um pimento padron frito "a cavalo". Além de estes pedaços estarem confecionados no ponto perfeito, estavam tenros e deliciosos. Os Tacos vêm sempre acompanhados de dois molhos: um de tomate e outro de picante, que aqui, só melhoravam a experiência de sabor.
Declarei empate nesta luta de tacos e decidi terminar os combates por falta de comparência do juri (não conseguia mesmo provar mais nada de tão satisfeita que estava). Para terminar em grande, pedimos a mousse de Aguacate. Abacate com cobertura de chocolate e crumble de amendoim, já tinha comido mousse feita à base de abacate mas misturada com o chocolate, assim em camadas foi a primeira vez. Estava bastante equilibrada, sem ser demasiado doce e o crumble confere aquele crocante perfeito.
A bebida que me acompanhou a noite toda, sim, porque foram umas boas duas horas de combate intenso, foi um Mojito de Maracujá que estava divinal! Passei um verão inteiro a fazer mojitos, mas nada que se compare a um destes, feito por quem sabe.
Bem malta, o que posso dizer como conclusão desta experiência?
A qualidade dos ingredientes e a dedicação na confecção dos pratos é notória no Mex Factory. É um restaurante mexicano caro? Não, mas também não é o mais barato (preço médio na Zomato para duas pessoas: 30€). Aqui, conseguimos entrar num espaço super agradável, com um ambiente incrível e experimentar pratos "a sério", pensados e cozinhados na perfeição. Todos os pratos que experimentámos, conseguimos identificar pequenos pormenores que faziam toda a diferença no equilíbrio dos sabores, que os faziam saltar da escala do bom, para o muito bom.
Acho que a comparação que posso fazer, parva claro, é quando tomamos a decisão de ir ao sushi. Podemos optar pelo bom, que não é caro, mas pagamos um pouco mais para comer como deve de ser. Ou optamos pelo sushi-chinês, barato que dói, tira a barriga da miséria, mas peca pela qualidade mediana (para não dizer fraca). Em Lisboa, temos várias opções de Mexicano mediano-baratíssimo onde saímos felizes e tiramos a barriga da miséria mas... comer Mexicano a sério, é num sítio como o Mex Factory.
Vou voltar? Ora pois vou com certeza! Para já, porque fiquei a saber que todos os fins de semana o restaurante abre o piso superior (que nesta noite não estava aberto). Para os dias mais solarengos, abrem a esplanada exterior, onde costumam ter presença de umDJ para animar os serões.
Imaginei-me logo ao sol... com aquele mojito maravilhoso na mão e a enfardar um burrito <3
Bem, vamos começar por explicar que de férias também se come pizza :D
Principalmente quando várias pessoas nos recomendam o mesmo sítio: "Vais para Manta Rota? Epá, tens de ir ao Mamma Lucia!" - e assim fomos!
O restaurante fica no Redondel, assim lhe chamam os locais, um pátio interno de um condomínio mesmo no centro de Manta Rota. O local é muito agradável, resguardado do pouco vento que corre e com muitas opções de cafés e restaurantes. Para quem conhece a Ericeira, fez me lembrar os Navegantes.
O Mamma Lucia é um restaurante de "vera cucina italiana" e é logo a primeira esplanada quando se entra por uma das duas entradas. Não fomos ao seu interior porque a noite estava maravilhosa e sentámo-nos na esplanada. Uma das coisas engraçadas que notámos logo, é que as empregadas são italianas e, pelo que percebemos, todo o staff o é. O que dá logo aquela sensação de "eles sabem o que fazem"!
Olhámos para o menu, tinha muita vontade de comer massa, mas fome nem por isso... Decidimos começar por um pão de alho (com extra de queijo, claro) e uma pizza Carbonara (8,5€) para partilhar (já tinhamos deitado o olho nas do lado e pareciam bem grandes para pedir uma para cada um).
Já me tinham dito que as massas eram divinais, inclusivamente que tinham aquela pasta "mergulhada" no queijo parmesão aberto... Até babei... Fiquei com pena de não ter mais dias para provar a especialidade, mas também falaram tanto nas pizzas que acabou por ser uma escolha difícil.
O pão de alho estava óptimo! Nada de extraordinário (as comparações são malvadas né), mas como sabem, pão + alho + queijo nunca tem muita possibilidade de nos defraudar as expectativas.
A pizza chega à mesa e é de salivar: para uma pizza média, é gigante. Ainda bem que só pedimos uma.
(desculpem lá a qualidade das fotos, mas não havia muita luz e nem reparei o quão péssimas ficaram!)
A massa da pizza é extraordinária para quem gosta, como eu, de massa fofa sem ser exageradamente grossa. Os ingredientes - esses sim fazem sempre a diferença - e aqui todos eles são frescos e de muito boa qualidade. A pizza estava realmente muito boa e ficámos super satisfeitos, sem necessidade de pedir alguma outra coisa. Mas claro que há sempre "aquele espacinho" para... a sobremesa!
E não é uma sobremesa qualquer, ah pois claro que não... Havia TIRAMISÙ (4,5€)!!! E acho que vocês já conhecem a minha obssessão com esta pequena delícia do belzebu... Então feita por Italianos, a expectativa estava muito em alta.
E então? O que dizes LM sobre ela?
Digo: malditas expectativas :(
Claro que o tiramisù estava delicioso, mas não era o que estava à espera. Eu sou muito apreciadora da receita que leva um creme mais encorpado (feito com muitos ovos, e bem gordinho), em que o creme é bem mais amarelado e delicioso. Este, era feito com natas e bem branquinho, o que não invalida o facto de estar bom e me deixar feliz. Mas... malditas expectativas!
No final a conta foi bem simpática (o partilhar ajudou bastante, claro!) mas, mesmo assim, é um restaurante onde se come mesmo muito bem e os preços são muito acessíveis.
Quando voltar à zona, quero visitar mais umas vezes este espaço. As massas ficaram aqui atravessadas... Talvez para o ano!
Sabem uma coisa que reparei nestas férias? Sou viciada na Zomato.
Tenho sérias dificuldades em encontrar sítios para ir comer fora sem ter esta app a ajudar-me na decisão. Coloquei as minhas google skills à prova, procurei sushi ali na zona e surgiu-me uma quantidade de locais sugeridos pelo Google. Entrei em mil sites diferentes, li várias opiniões, fotos e lá sem bem muito saber como, encontrei o Bartô. Abriu em plena época Covid, o que já de si é um grande mérito, e todas... mas TODAS as opiniões eram 5 estrelas. Textos como: "foi o melhor sushi que comi na minha vida", "maravilhoso", "nunca tinha comido nada assim" chamaram muito a minha atenção. Nem uma coisinha menos boa a apontar, tudo perfeito.
Percebi que o Chef Henrique Marzano, responsável pela carta, andou a viajar por vários países para se inspirar nela, onde combina a arte do sushi com "fusões de todo o mundo". Vi também no instagram deles que as inspirações vêm não só da cozinha portuguesa como também mexicana, peruana, espanhola... Incrível! Estava convencida. Agora só faltava convencer o esposo.
Fomos passear a Tavira, passámos à frente do restaurante e olhámos a carta. Não é de todo um sítio em conta. Mas por aquilo que vimos, valia a pena arriscar o abrir-de-cordões-à-bolsa.
O Bartô tem uma decoração super cuidada, isso salta logo à vista mal entramos no pequeno espaço. Tem meia dúzia de mesas para duas pessoas e uma maior ao fundo, tem também a esplanada que permite receber mais umas quantas pessoas. Fomos recebidos com a maior simpatia, ficámos à vontade a escolher o que pedir (numa decisão bem difícil porque apetecia tudo).
Aqui pede-se tudo à carta, não estamos num japonês com combinados do chef nem menus all-you-can-eat. Aqui escolhemos o que queremos provar porque o conceito é mesmo esse, qualidade e não quantidade.
Começámos a degustação com dois temakis tradicionais de salmão (6.5€). Apesar de pequenos, estavam maravilhosamente bem feitos. Realço também a qualidade do nori, acho que foi a terceira vez na minha vida que comi um Nori desta qualidade: crocante e saboroso, nada a ver com aquelas algas elásticas que vemos na maioria dos restaurantes do género.
Pedimos também um Sashimi Mix (15€) composto por salmão, atum e peixe branco. Mais uma vez, a qualidade dos peixes supreendeu.
Parece que estou a gozar, mas foi outra vez dos melhores sashimi de atum que já comi.
Provámos diferentes peças: como o Spicy Tuna (4 uni 4.5€), Arco-irís Alimado (4 uni 4.9€) e ainda gunkans Amor de Viera (2 uni 6€). Todas as peças estavam divinais, com aquele toque de fusão simples mas pensado.
Para quem me acompanha, já sabe que eu não sou grande fã de fusão e demasiada molhanga, mas aqui encontramos aquela excepção onde percebemos que a fusão em si foi 100% estudada para ser harmoniosa, sem estragar o sabor do peixe e o encanto de comer sushi. O Arco-íris alimado foi sem dúvida a maior surpresa: a introdução do lingueirão, um peixe tão típico da zona ali colocado numa peça de sushi, uma explosão de novos sabores... divino!
Para terminar em grande, depois de ter ficado entranhada no meu cérebro a imagem de um pastel de nata desconstruído que estava no instagram deles, pedimos essa mesma sobremesa.
O meu comentário imediato foi: "Isto só se come em restaurantes de grandes Chefs!"
E é isto, o Chef Henrique é um grande Chef. INCRÍVEL! Um pequeno pudim no fundo, com uma ligeira camada de caramelo no meio, a fazer um género de uma barreira à bola de gelado, um pequeno detalhe de massa folhada à volta e canela... E eu tive mesmo muito perto de não pedir sobremesa para não "estragar" o sushi... Ainda bem que sou gulosa! O preço da sobremesa não faz juz ao que provámos, apenas 3.5€ por uma das sobremesas mais bem construídas que comi.
Foi suficiente? Foi. Comia mais? Comia. Eu sou uma pequena besta e vocês já sabem isso, mas aqui o objectivo foi mesmo apreciar a arte deste espaço, que sem dúvida é das mais bem concretizadas que já tive o prazer de provar. É barato? Não. Vale a pena? TODA.
Aqui sim, vale a pena atravessar meio Algarve ou meio país para ir ao Bartô.
Só consigo dizer: INCRÍVEL!
Parabéns ao restaurante, ao Chef, a todos os que nos receberam.
É por estas experiências que vale a pena ser foodie.
Belas é uma das vilas mais surpreendentes da malha urbana de Lisboa. Pelo menos, para mim, tem sido uma surpresa descobrir os seus encantos.
Há uns dias atrás descobri uma quinta ao pé da igreja, a Quinta Nova da Assunção, que além de ter uma dimensão considerável de jardins para passear, também tem uma zona para pic-nics que me fez logo sonhar em tardes de domingo à sombra das árvores centenárias que rodeiam esse parque e claro, petiscar em cima de uma toalha vermelha aos quadradinhos. O palacete, apesar de fechado, é magnífico. Perdidos pelos quatro cantos da quinta, encontramos painéis de azulejos pintados com animais e figuras exóticas, as sebes verdes e alguma parte do jardim vão sendo mantidos e em certas partes quase que nos sentimos num labirinto, sempre a descobrir novos recantos sem saber bem onde estamos.
Após esta visita e uma passagem rápida pelos fofos de Belas (fui só confirmar que continuavam bons), bastou descer um pouco dessa avenida principal e vimos uma esplanada, bem cuidada e apetitosa para um final de tarde de imperiais e petisco. "Cotorinho", que nome engraçado!
A esplanada tem aqueles detalhes que nos fazem perceber de imediato que foi imaginada com cuidado: esplanada aberta mas que pode fechar para dias menos quentes, mesas e cadeiras bonitas, duas mesas feitas com paletes para grupos maiores. As paredes estão decoradas com heras, um cantinho mais natural e muito agradável de se estar.
O espaço lá dentro é relativamente pequeno, o que o torna bastante acolhedor. A casa onde construíram este restaurante é de traça antiga, na zona mesmo central e mais velha de Belas, esta foi toda remodelada e felizmente deixaram alguns traços da casa anterior. Alguns detalhes de pedra na parede, para lembrar como eram construídas antigamente, uma harmonia perfeita e a respeitar a história de outros tempos. São detalhes, mas são tão bonitos.
Mal sabia eu que o Cotorinho tem também uma história tão bonita. O Chef André Teixeira, responsável pela cozinha e dono deste espaço incrível, contou-nos com tal entusiasmo como o restaurante nasceu: o nome do espaço é uma homenagem aos membros da sua família, que para ele "são tudo". Cotorinho é um pequeno lugar na zona de Vila Real, a terra onde a sua família tem origem e também onde passou grandes temporadas da sua infância. Em Trás-os-Montes a boa comida é obrigatória e a arte de bem comer se exige. Todos os vinhos do Cotorinho são dessa zona e todos os pratos têm, de alguma forma ou de outra, o toque transmontano. A estrela da casa é, sem dúvida alguma, a Francesinha à Moda de Vila Real. É importante frisar a sua origem, porque ela é mesmo muito diferente das francesinhas de outras zonas. Como o próprio chef avisa: ou se ama, ou se odeia. Nós amámos, mas já vamos lá.
Sentámo-nos cá fora, não por uma questão de segurança mas porque nestes dias de verão é perfeito e todas as mesas, incluindo lá dentro, têm distância e estão impecáveis.
Começámos pelas entradas: dois croquetes acompanhados com mostarda e um pão de alho com queijo para partilhar. Todos nós sabemos que a Francesinha é um prato leve e o melhor seria não exagerar nas entradas... Mas digo-vos já que foi muito dificil manter a compostura com este pão de alho. Eu ficava ali, a noite toda com ele e imperiais! Mas, havia francesinhas para experimentar. E ainda bem!
Quando passámos ao verdadeiro ex-líbris do Cotorinho foi um misto de confusão e curiosidade. O molho é completamente líquido, nada a ver com o molho à moda do Porto. Quase que parece um caldo derramado por cima daquela sandes deliciosa cheia de coisas que nos fazem atingir o pico de colesterol num minuto. O sabor do caldo? Não consigo sequer explicar. Fiquei desde a primeira dentada até ao final a tentar perceber o que era "aquele sabor" sem conseguir perceber. Na minha família temos uma receita de molho de francesinha e habitualmente já consigo perceber os sabores... Se tem mais cerveja, se tem apenas carne ou também marisco... Mas aqui: zero. Não percebi e não identifiquei nada. Era só bom, delicioso, muito mas muito diferente. E penso que aqui, no molho, é que está a questão do amor-ódio. O meu esposo estava delirante, a adorar este molho que se entranhava facilmente no pão. Eu, estava a amar o sabor especial que este molho tem, intrigada mas feliz. Quem vai à espera de um molho à moda do Porto e não for "preparado" para esta diferença, pode não gostar, claro. Mas ainda bem que todos somos diferentes!
A parte que a meu ver se destacou mais (mais ainda!) foi a "sandes" em si. Nunca, mas nunca mesmo, tinha comido uma carne tão tenra dentro de uma francesinha. O bife era relativamente alto para uma sandes deste estilo, quase que a tocar o limite do possível para uma sandes poder ser cortada convenientemente, estava incrível. Nenhum enchido se destacava demasiado ao ponto de esconder o sabor dos outros: fiambre, mortadela e linguiça fresca.
Além das francesinhas ditas normais, ficou na minha wishlist provar a vegetariana... E toda a carta do restaurante.
Para terminar, apesar da limitação a nível do meu espaço interior, não podia sair dali sem provar uma sobremesa... Ai eu não me chamo LM Maria!!! Queria muito todas as sobremesas ao mesmo tempo (porque a gula é sempre maior que o estômago), mas acabámos por provar um género de um bolo de chocolate fresco com camadas de nata, estava simplesmente fresco e delicioso. Fez nos lembrar uma vianeta em formato de bolo. Muito bom mesmo e perfeito para uma sobremesa mais leve.
Ao escolher a francesinha como refeição, era humanamente impossível provar fosse o que fosse dos outros pratos da carta. Mas a minha curiosidade com os bifes e hamburgueres, após vários relatos da qualidade destes meninos, faz com que tenha de voltar muito em breve. E após esta primeira visita, ficou muito, mas mesmo muito claro que todos os pratos são de uma qualidade superior. E perguntam porquê? Porque o Chef André é apaixonado por este projeto. Não só dá logo para o perceber quando ele fala no conceito da casa, como a própria forma como descreve os pratos, os fornecedores, onde foi buscar as batatas, onde vai buscar a carne, os legumes... Tudo! Ouvi-lo dá mesmo muito gosto e muita vontade de voltar, para partilharmos esta paixão pela comida que nos é tão em comum.
Estou muito feliz com estas descobertas em Belas. Fico mesmo entusiasmada de ter encontrado estes refúgios perfeitos, mesmo ao lado de casa.
Ah! E como cereja no topo do bolo: tem Uber Eats e Too Good To go!